terça-feira, 10 de novembro de 2009

A ERRADICAÇÃO DA CÁRIE É POSSÍVEL?

PORTAL DENTAL PRESS
A cárie pode estar com os dias contados. É crescente uma corrente na odontologia mundial que afirma ser possível erradicar este mal do planeta – e das bocas. Na última Conferência Global Anticárie, realizada neste mês de julho no Rio, houve um mapeamento de ações que possam abrir caminho para este processo, bem como novas abordagens à classificação e ao diagnóstico da cárie.– Nos países desenvolvidos, onde a população tem maiores conhecimentos de educação para a saúde e as medidas preventivas estão presentes, os levantamentos epidemiológicos têm mostrado a diminuição de casos de cárie – afirma o presidente da Associação Brasileira de Odontologia do Rio de Janeiro (ABO-RJ), Paulo Murilo.Embora saibam das dificuldades, os nomes mais importantes da odontologia mundial confiam na possibilidade de erradicação.– A maioria dos dentistas vê com um cunho de ceticismo a possibilidade de erradicação da cárie. Os mais acadêmicos, no entanto, não comungam nesta ideia por possuírem uma realidade científica e uma consciência investigativa maior que permite uma visão mais criteriosa do que o conhecimento e a tecnologia podem fazer – diz o presidente da Federação Dentária Internacional (FDI), o brasileiro Roberto Vianna.O desafio atual é levar este conhecimento e estrutura para nações menos abastadas.– Há algumas décadas, quando ficou esclarecido que a cárie dentária é uma doença causada por microorganismo, começou-se a pensar seriamente na erradicação da doença. Com programas sérios de prevenção e tratamento, será possível atingir este objetivo no futuro - comenta Paulo Murilo.No Brasil, o último programa do governo voltado para a cárie foi o “Brasil Sorridente”, lançado em 2004. O programa ampliou o acesso da população aos serviços bucais e os resultados foram sentidos principalmente na diminuição dos índices de cárie das crianças.– As estatísticas da cárie no Brasil são descendentes. Isto ocorreu devido a priorização por parte do atual governo na execução do programa. Esta estratégia tem sido reconhecida e elogiada pela própria Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo hoje tida como modelo para outros países – elogia Roberto Vianna.No Brasil a situação da saúde bucal vem melhorando nos últimos anos, mas alguns números ainda são assustadores, assim como na maioria dos países emergentes e subdesenvolvidos: 30% da população nunca tratou dos dentes; de cada quatro idosos, três não possuem um único dente; 90% dos adultos com mais de 40 anos apresentam doenças periodontais; 14% dos adolescentes nunca foram ao dentista; 20% da população brasileira já perdeu todos os dentes; e 45% não tem acesso regular à escova de dente.Apesar de o Brasil ainda possuir altos índices de cárie, nada se compara ao continente africano. Local de maior concentração de pobreza do planeta, a região abriga o maior percentual de incidência de doenças bucais.– A cárie é uma doença multifatorial agravada pela falta de conhecimento das populações sobre as medidas preventivas. Os povos mais carentes são os mais atingidos, por isso, os países do continente africano são as maiores vítimas - destaca Paulo Murilo.

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